domingo, 16 de novembro de 2014

"Nada une mais as famílias do que a comida!"



NEW JERSEY - Em 1964, um senhor de origem italiana chamado Bartolo Valastro comprou uma pequena confeitaria em Hoboken, no estado americano de New Jersey, vizinho a Nova York. Fundada em 1910, a loja hoje é comandada com pulso firme pelo filho de Bartolo. Buddy Valastro, 36 anos, começou a trabalhar no negócio da família aos 11. A loja cresceu, e Buddy tornou-se famoso ao mostrar a rotina dela no reality “Cake boss”, cuja quinta temporada estreia nesta terça, às 21h, no TLC.
— Nunca pensei que um dia seria uma estrela da televisão. Se alguém me dissesse isso, eu falaria “ficou maluco?”. Não me sinto uma celebridade, sou apenas um confeiteiro de New Jersey — diz Buddy, nos corredores da fábrica da Carlo’s Bakery, que ganhou esse nome em função do antigo proprietário, Carlo Guastaferro, e que ainda mantém o clima familiar: irmãs e cunhados de Buddy têm diferentes funções no negócio.
Apesar da fama gerada por seus bolos decorados, Buddy (que herdou o ofício e o nome do pai) também faz doces — quem come seus cannolis dificilmente vai querer outro. Seu preferido é a lobstertail (que tem o formato de cauda de lagosta), feita com massa folhada e recheio cremoso de baunilha. Quando criança, o confeiteiro observava a avó preparar massas em casa. Hoje, seus filhos (ele tem 4) o veem trabalhar.
— Meus filhos amam bolo. Graças a Deus, são magros! Um deles poderia ser o próximo “cake boss”. Nada une mais as famílias do que comida — acredita ele.
Na nova temporada do reality, Buddy, conhecido também por seu temperamento forte, terá que lidar com os conflitos entre uma de suas irmãs, Mary, e o restante da equipe da Carlo’s Bakery. Nada que atrapalhe a produção: nos novos episódios, o público verá um dos bolos favoritos de Buddy. Inspirado na obra de Dr. Seuss (autor de clássicos infantis da relevância de “Como o Grinch roubou o Natal”), o quitute foi criado para uma ação beneficente. Bolos de grandes dimensões e decorações complicadas, muitas vezes com mecanismos especiais, também são uma especialidade da casa, que teve de se adaptar à criatividade do confeiteiro — “o limite é o tamanho da porta de saída de nossa fábrica”, ele conta:
— Se eu tivesse que escolher entre fazer um bolo delicioso e um bolo incrível (visualmente), preferiria fazer um incrível. Faço bolos para clientes famosos ou não com a mesma paixão. Isso, para mim, é arte.
Arte que, nos últimos anos, vem rendendo bons frutos. Os tais clientes famosos colaboraram para que a fama de Buddy se estendesse até a Europa, onde ele sonha abrir uma filial da Carlo’s Bakery — hoje, além da loja original, ainda existem a fábrica em Jersey City (onde outro reality seu, “Batalha dos confeiteiros”, também é gravado) e um novo estabelecimento em Ridgewood, ambos em New Jersey, onde Buddy nasceu e cresceu. As cantoras Rihanna e Britney Spears e os atores Chris Rock e David Duchovny já fizeram ao confeiteiro suas encomendas. “Algumas celebridades às vezes são verdadeiros idiotas”, ele confessa, com seu jeito direto. No entanto, guarda boas lembranças de uma delas:
— Sempre sonhei em preparar um bolo para Oprah Winfey, o que eu acabei fazendo, de fato. Entreguei o bolo no programa, e encontrá-la foi muito inspirador. Oprah é a pessoa mais bacana que conheci — diz, sem frescuras, para revelar um desejo mais ambicioso: — Quero ir à Casa Branca e dizer “Senhor presidente, fiz esse bolo para você” —conta, explicando que o presente seria uma réplica comestível da residência oficial do líder dos Estados Unidos e de sua família.
Para cada bolo preparado para um cliente famoso, ele diz, outros 10 mil são feitos para os compradores comuns, que vêm de vários lugares dos EUA para provar seus doces, preparados “à moda antiga, sem químicas”, Buddy garante:
— Não são zero porcento de gordura, mas usamos bons ingredientes. Essa foi a lição que aprendi com meu pai: nunca corte na qualidade.
Apesar do ar durão e da fama de mau, algumas coisas fazem Buddy chorar — até mesmo na tela. Diagnosticada com um tipo severo de esclerose, Mary Valastro, mãe do confeiteiro, é uma de suas preocupações:
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— Choro por causa da minha mãe. Rezo muito por ela.
Nessas horas, o alento, ele diz, vem da cozinha.
— Cozinhar dá uma sensação de conforto. Gosto de fazer bolos e programas para a família — explica ele. — E não quero vender só para os ricos ou só para pobres. Quero que meus doces sejam acessíveis a todos.








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